segunda-feira, 31 de março de 2008
sábado, 22 de março de 2008
Primeira Proposta de Projecto
O Programa Sonda é uma plataforma de exploração e produção de conhecimento no contexto dos dispositivos teatrais. Por dispositivo teatral entende-se a acção de um corpo consciente de um outro que o observa. Da acção consciente e da observação presente resulta o momento performativo que determina o teatro.
A Comunidade
Constituímo-nos enquanto reguladores de uma actividade aberta, que congrega interesses variados em diversos graus de envolvimento. Coordenamos, portanto, as entranhas da actividade exploratória enquanto expedição colectiva, para que se complete de extensões directas e indirectas, contínuas e descontínuas, fruto do empenho de cada um.
Motivação
De uma necessidade de espaços de trabalho não institucionalizados, que permitam aos intervenientes uma livre participação na partilha de informação referente ás éticas e estéticas do dispositivo teatral, surge a mobilização de energias que convergem para um espaço potencial. Este é um espaço de exploração colectiva para um questionamento das intenções, intuições, práticas e territórios que nos submergem na vontade de entender e agir, quer sendo espectadores quer sendo actores. Seremos, sobretudo, seres atentos na curiosidade que nos transporta, perante nós mesmos e perante os outros.
Exploração
A prática da investigação exploratória representa um constante interlace com o mundo, aproveitando deste todas as relações que a invistam de fundamentos, inteligibilidade e lugar. É a criação de um universo carregado de potencialidades a seguir, isolar, testar e reitificar, conquanto os equilíbrios teórico-prático e empírico-ciêntifico se desenhem com carácter de permeabilidade aos universos que lhe são exteriores.
A sua prática é composta de dinâmicas tanto colectivas como individuais, que se estabelecem através de sessões de trabalho tanto regulares como pontuais, com vista a constituir um corpo de trabalho coerente e diverso que se organiza autonomamente porquanto a intervenção de cada um é também autónoma.
Teoria e prática não são entendidas enquanto direcções independentes, mas totalmente intrínsecas uma à outra. Como tal, diferentes qualidades do trabalho exploratório estabelecem-se enquanto dependentes e complementares, sendo essencial que este estabeleça um diálogo com outros corpos de trabalho já formados.
O Dispositivo Actor::Espectador
Consideramos as pessoas, enquanto entidades reais, como praticantes da igualdade entre si. A relação teatral, entre espectador e actor, é artificial porque ficção, porque realidade construida. Não é, portanto, a ficção que necessita de igualdade mas as pessoas reais que a constroem. Praticamos, então, a desigualdade de condição entre o espectador e o actor para, entre estas duas figuras, estabelecer uma relação de igualdade. É de ambos a responsabilidade no momento performativo do teatro, e de ambos a partilha na construção de um conhecimento que lhes é comum. Isto determina que a investigação deve incluir a função do actor e do espectador como partes de um dispositivo de relação que não funciona sem uma delas e sem a comunicação entre si.
A comunicação dá-se através do uso de códigos que, nas suas unidades básicas, pertencem às duas partes e que, por isso, ou são memória de um ambiente comum exterior ao teatro ou são o resultado da comunhão comunicacional que ocorre na celebração teatral. Colocamo-nos, assim, num plano de investigação de formas teatrais que tenham como centro a possibilidade de criar discursos a partir das possessões comunitárias interiores ou exteriores ao teatro.
Produção de Conhecimento
Tomamos como adquirido que o conhecimento e a arte actuais, já não se constituem enquanto categorias estáveis e com autoridade, mas sim enquanto objectos de criticalidade, ela própria objecto de si. Tentamos, por isso, nos formar enquanto núcleo de verificação de hipóteses, metodológicas ou de princípios, relativas ao conhecimento, sua formação e disposição.
Entende-se como necessidade estrutural de um trabalho de exploração e investigação das formas teatrais, a cristalização sistemática de um aparato informacional que resulte, simultâneamente, da observação e verificação dos factos, de metodologias analíticas para a formulação de hipóteses, e da conseguinte formulação teórica resultante do processo de trabalho. Tal aparato é, necessariamente, uma plataforma de diálogo com realidades empíricas, ciêntificas, éticas e estéticas que se formulem noutros contextos de trabalho.
Um projecto de investigação é sempre um de aprendizagem. Aprendemos, portanto, acerca de um mundo que é o nosso na sua codensação teatral. Forma-mo-nos como dispositivo sustentável, auto-orientado, cujas formas são mutáveis enquanto multiorientadas. Destas rotinas surgem as tensões que potenciam a vitalidade do trabalho como espaço composto de entidades incompativeis. Este é o Phasescape de Brian Massumi: “Um espaço descontínuo mas não divididido, isto é, constituído por energias impostas e incompatíveis que oferecem uma direcção, por mais que suspeita, ou melhor ainda, uma multiplicidade de devir-orientação. Phasescape é aquele instante de verdadeira mobilidade onde o conhecimento surge e o corpo, verdadeiramente, se move.”
É, para nós, um facto que, enquanto espectadores ou actores, nos movemos para conhecer e que o conhecimento nos move. Colocamos, com isto, a produção de conhecimento no centro de uma procura verdadeira no seio das relações entre o corpo que, consciente, se move e o que, presente, observa produzindo sentido.
Plataformas
Veículamos as seguintes dinâmicas:
1. Encontros regulares de experimentação prática: são espaços de trabalho comum que possibilitam aos intervenientes a mecanização de metodologias, a verificação de princípios e a discussão em tempo real das formas testadas.
2. Um forum de discussão: permite a partilha contínua de idéias, a disponibilização de material produzido e de referências exteriores ao trabalho. Este é um espaço em que o trabalho pessoal é colocado na mesa de forma a encontrar o seu espaço na investigação geral.
3. Workshops com entidades exteriores ao projecto: são uma forma de informar os participantes de outros métodos e outros corpos de investigação, que podem ser, pela sua pertinência, incluídos no projecto geral de investigação.
(Quer da investigação colectiva, quer da investigação pessoal, resultam dados que são articulados entre si de modo a formar um registo consistente do corpo de trabalho em causa. É, portanto, necessária a congregação de informação que resulte quer do registo (e aqui referimo-nos a qualquer tipo de media) das actividades quer da informação produzida e relacionada pelos intervenientes com o corpo de trabalho.)
4. Estes são dados protegidos por licenças Creative Commons, de livre acesso na internet, numa página suportada pelo Programa Sonda que funciona como representação do trabalho efectuado.
A Comunidade
Constituímo-nos enquanto reguladores de uma actividade aberta, que congrega interesses variados em diversos graus de envolvimento. Coordenamos, portanto, as entranhas da actividade exploratória enquanto expedição colectiva, para que se complete de extensões directas e indirectas, contínuas e descontínuas, fruto do empenho de cada um.
Motivação
De uma necessidade de espaços de trabalho não institucionalizados, que permitam aos intervenientes uma livre participação na partilha de informação referente ás éticas e estéticas do dispositivo teatral, surge a mobilização de energias que convergem para um espaço potencial. Este é um espaço de exploração colectiva para um questionamento das intenções, intuições, práticas e territórios que nos submergem na vontade de entender e agir, quer sendo espectadores quer sendo actores. Seremos, sobretudo, seres atentos na curiosidade que nos transporta, perante nós mesmos e perante os outros.
Exploração
A prática da investigação exploratória representa um constante interlace com o mundo, aproveitando deste todas as relações que a invistam de fundamentos, inteligibilidade e lugar. É a criação de um universo carregado de potencialidades a seguir, isolar, testar e reitificar, conquanto os equilíbrios teórico-prático e empírico-ciêntifico se desenhem com carácter de permeabilidade aos universos que lhe são exteriores.
A sua prática é composta de dinâmicas tanto colectivas como individuais, que se estabelecem através de sessões de trabalho tanto regulares como pontuais, com vista a constituir um corpo de trabalho coerente e diverso que se organiza autonomamente porquanto a intervenção de cada um é também autónoma.
Teoria e prática não são entendidas enquanto direcções independentes, mas totalmente intrínsecas uma à outra. Como tal, diferentes qualidades do trabalho exploratório estabelecem-se enquanto dependentes e complementares, sendo essencial que este estabeleça um diálogo com outros corpos de trabalho já formados.
O Dispositivo Actor::Espectador
Consideramos as pessoas, enquanto entidades reais, como praticantes da igualdade entre si. A relação teatral, entre espectador e actor, é artificial porque ficção, porque realidade construida. Não é, portanto, a ficção que necessita de igualdade mas as pessoas reais que a constroem. Praticamos, então, a desigualdade de condição entre o espectador e o actor para, entre estas duas figuras, estabelecer uma relação de igualdade. É de ambos a responsabilidade no momento performativo do teatro, e de ambos a partilha na construção de um conhecimento que lhes é comum. Isto determina que a investigação deve incluir a função do actor e do espectador como partes de um dispositivo de relação que não funciona sem uma delas e sem a comunicação entre si.
A comunicação dá-se através do uso de códigos que, nas suas unidades básicas, pertencem às duas partes e que, por isso, ou são memória de um ambiente comum exterior ao teatro ou são o resultado da comunhão comunicacional que ocorre na celebração teatral. Colocamo-nos, assim, num plano de investigação de formas teatrais que tenham como centro a possibilidade de criar discursos a partir das possessões comunitárias interiores ou exteriores ao teatro.
Produção de Conhecimento
Tomamos como adquirido que o conhecimento e a arte actuais, já não se constituem enquanto categorias estáveis e com autoridade, mas sim enquanto objectos de criticalidade, ela própria objecto de si. Tentamos, por isso, nos formar enquanto núcleo de verificação de hipóteses, metodológicas ou de princípios, relativas ao conhecimento, sua formação e disposição.
Entende-se como necessidade estrutural de um trabalho de exploração e investigação das formas teatrais, a cristalização sistemática de um aparato informacional que resulte, simultâneamente, da observação e verificação dos factos, de metodologias analíticas para a formulação de hipóteses, e da conseguinte formulação teórica resultante do processo de trabalho. Tal aparato é, necessariamente, uma plataforma de diálogo com realidades empíricas, ciêntificas, éticas e estéticas que se formulem noutros contextos de trabalho.
Um projecto de investigação é sempre um de aprendizagem. Aprendemos, portanto, acerca de um mundo que é o nosso na sua codensação teatral. Forma-mo-nos como dispositivo sustentável, auto-orientado, cujas formas são mutáveis enquanto multiorientadas. Destas rotinas surgem as tensões que potenciam a vitalidade do trabalho como espaço composto de entidades incompativeis. Este é o Phasescape de Brian Massumi: “Um espaço descontínuo mas não divididido, isto é, constituído por energias impostas e incompatíveis que oferecem uma direcção, por mais que suspeita, ou melhor ainda, uma multiplicidade de devir-orientação. Phasescape é aquele instante de verdadeira mobilidade onde o conhecimento surge e o corpo, verdadeiramente, se move.”
É, para nós, um facto que, enquanto espectadores ou actores, nos movemos para conhecer e que o conhecimento nos move. Colocamos, com isto, a produção de conhecimento no centro de uma procura verdadeira no seio das relações entre o corpo que, consciente, se move e o que, presente, observa produzindo sentido.
Plataformas
Veículamos as seguintes dinâmicas:
1. Encontros regulares de experimentação prática: são espaços de trabalho comum que possibilitam aos intervenientes a mecanização de metodologias, a verificação de princípios e a discussão em tempo real das formas testadas.
2. Um forum de discussão: permite a partilha contínua de idéias, a disponibilização de material produzido e de referências exteriores ao trabalho. Este é um espaço em que o trabalho pessoal é colocado na mesa de forma a encontrar o seu espaço na investigação geral.
3. Workshops com entidades exteriores ao projecto: são uma forma de informar os participantes de outros métodos e outros corpos de investigação, que podem ser, pela sua pertinência, incluídos no projecto geral de investigação.
(Quer da investigação colectiva, quer da investigação pessoal, resultam dados que são articulados entre si de modo a formar um registo consistente do corpo de trabalho em causa. É, portanto, necessária a congregação de informação que resulte quer do registo (e aqui referimo-nos a qualquer tipo de media) das actividades quer da informação produzida e relacionada pelos intervenientes com o corpo de trabalho.)
4. Estes são dados protegidos por licenças Creative Commons, de livre acesso na internet, numa página suportada pelo Programa Sonda que funciona como representação do trabalho efectuado.
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